Este artigo propõe uma reflexão acerca do olhar estrangeiro na representação imagética do Brasil através da obra de Jean Manzon (1915-1990). Ao importar uma maneira de fazer fotojornalismo praticada na Europa, o francês foi um agente fundamental na construção de um retrato do país entre 1940 e 1950, servindo aos anseios do Estado, da mídia e das elites brasileiras de então. Ao colocar uma lupa nos limites éticos ultrapassados por ele e na herança colonialista de sua fotografia, este artigo revisita as fotografias de imprensa e os livros de Manzon à luz de questões atuais. Dessa forma, pretende-se contribuir tanto para a reelaboração da imagem de comunidades estigmatizadas, quanto para analisar o olhar fotográfico sobre o país feito a partir de uma perspectiva estrangeira.