O desafio do olhar : fotografia e artes visuais no período das vanguardas históricas : volume II
textos Annateresa Fabris
Defensores de uma imaginação capaz de romper os limites impostos por uma razão demasiado estrita e restritiva, os surrealistas se interessam pela imagem fotográfica porque detectam nela a possibilidade de realizar a "epifania das aparências", de maneira singular. Associada ao registro do real pelo senso comum, a fotografia é usada no surrealismo para promover uma desnaturalização sistemática das aparências, sob o signo da reconciliação de consciente e inconsciente, objetivo e subjetivo, percepção e representação.
Para László Moholy-Nagy, ao contrário, a fotografia é um instrumento de controle da percepção e de organização do imaginário. Utilizando ao máximo as possibilidades inerentes ao aparelho fotográfico, o artista húngaro elabora o conceito de "nova visão", fruto da interposição do olho mecânico entre o homem e a realidade. Os postulados da "nova visão" não serão exclusivos da prática de Moholy-Nagy. Eles serão também fundamentais na definição da "visualidade revolucionária" defendida por Aleksandr Ródtchenko, na União Soviética, e na renovação da pratica fotográfica no Brasil, graças sobretudo a José Yalenti, German Lorca, Thomaz Farkas e Geraldo de Barros.
(FONTE: a publicação)
Volume pertencente à coleção Arte & Fotografia, da editoria WMF Martins Fontes.