Negros no estúdio do fotógrafo : Brasil, segunda metade do século XIX
textos Sandra Sofia Machado Koutsoukos
Este livro estuda as representações e auto-representações de pessoas negras livres, forras e escravas produzidas em estúdios de fotografia no Brasil da segunda metade do século XIX. A autora argumenta que uma pessoa negra livre, ou forra, que aparece naquelas fotos vestida à moda européia de então, não o fazia devido à sua suposta "aculturação", mas como estratégia de se proteger e tentar se fazer aceita por uma sociedade na qual o preconceito racial e a discriminação dominavam.
As fotos dos escravos são estudadas em três categorias: na primeira, fotos de escravos domésticos que foram levados aos estúdios por seus senhores, os quais queriam aquelas fotos nos seus álbuns de família; na segunda, fotos que foram exploradas na chave do "exótico" e vendidas como souvenir a estrangeiros; e na terceira, fotos etnográficas que foram produzidas para servirem de suporte à teorias racistas então em voga. Por último, o livro explora fotos de presos em dois álbuns da "Galeria de condenados", traçando o caminho da feitura dos álbuns (o próprio fotógrafo era um dos detentos) e os motivos para a sua montagem. Além de estudar os diferentes sentidos, os usos e circulação daquelas fotos, a autora tenta perceber os modos pelos quais as pessoas negras nelas retratadas influenciavam a composição de suas próprias imagens.
(FONTE: a publicação)