Querido diário, arremesse-me fora daqui
concepção Pedro Jamal Campanha
É possível definir seu lugar no mundo? É possível habitá-lo? e se formos desalojados, o que aconteceria? Se alguém fosse expulso da sua morada interna, onde estaria então esta pessoa?
Querido diário, arremesse-me fora daqui, de Pedro Jamal Campanha, é um livro que busca esta perspectiva externa numa série de procedimentos, cujos resultados são apresentados em justaposição. Em seus diagramas e poemas o artista exterioriza a sua concepção do mundo, ao passo em que deixa explícito o processo de tentativa e erro envolvido na elaboração desta. Seus desenhos e fotografias representam objetos do cotidiano (cadeiras..), objetos encontrados (peixes mortos, cordas..) e retratos de pessoas próximas: sinais, presságios, revelações, trombadas. Diria-se que os objetos representados no livro assumem vida própria, desafiando a própria tentativa de unificação embutida no desejo de entendimento sistêmico a que se propõe o artista. Cortes, veladuras e outros gestos visíveis, resquícios da elaboração destas imagens, lembram-nos da fragilidade da empreitada que é um remendo senão reconstrução da realidade – pelos seus signos.
(FONTE: site da editora)