Caixa-preta
fotografias Celso Brandão
Caixa-preta é o receptáculo onde ficam registrados todos os detalhes de um voo. Depois de uma catástrofe, é o objeto de todas as buscas para tentar compreender o que se passou. Preta aponta também para outros horizontes nos campos semânticos da fotografia, claro, mas também da demografia, da magia, da geografia, da astronomia, da física, da metafísica.
Caixa-preta dá conta do percurso e da imersão do fotógrafo em sua terra de origem – Alagoas. Esse pequenos estado do Nordeste do Brasil possui uma forte identidade. O rio São Francisco, sua fronteira ao sul, foi um eixo maior da conquista da região e das campanhas para a escravidão ou o extermínio dos índios do interior. Ao longo de mais de 3 mil quilômetros, o rio, dito da unidade nacional, é também o eixo do grande deserto interior, o Sertão. Nessa enorme zona semiárida, na junção de estados do Nordeste e do Sudeste, desenvolveu-se, desde o século XVI, uma atividade pastoril extensiva baseada no gado bovino. O Sertão é também a terra de origem de uma mitologia construída em torno das figuras do cangaceiro e do beato, pastor carismático. O camponês sem terra deve se adaptar e migrar permanentemente. Essas figuras são frutos das condições climáticas e da violência dos senhores da terra. Essa história foi enaltecida pela literatura e pelo cinema. Ela alimenta o imaginário coletivo brasileiro.
(FONTE: site da editora)
Este livro foi publicado por ocasião da exposição Celso Brandão: Caixa-preta, apresentada na Maison Européenne de la Photographie de 15 de junho e 28 de agosto de 2016.
Textos em português e inglês.