Mera fotografia
texto Carlos Eduardo de Magalhães
Perto de fazer 40 anos, Alfredo parte em busca do irmão mais velho André, desaparecido há mais de uma década. Deixa em casa a rotina que parece cristalizada, uma vida profissional bem sucedida, os filhos, Flávia, com quem vive uma crise no casamento. Uma reportagem assistida na televisão semanas antes lhe deu uma pista improvável, mas que lhe pareceu suficiente para empreender a viagem a um interior distante, tão longe do mar que moldou André. À medida que Alfredo se aproxima do irmão, as peças de um tempo perdido na memória se encaixam, revelando e juntando os pedaços da família que se desfez. Quilômetro a quilômetro, o resgate do outro se transforma no resgate de si mesmo. Os dezoito capítulos são como fotografias sobrepostas que se remexe na caixa encontrada no alto da estante. Como pequenos contos, unem-se por vínculos cuidadosamente construídos, formando um corpo único. A reconstrução do passado é permeada pela infância na praia: a primeira pescaria, a paixão de André pelo mar, as dificuldades de Alfredo tão à sombra das virtudes do irmão. Então vem a mudança para a capital, as primeiras namoradas, as fotografias se sucedem e enxergam-se as origens do núcleo familiar: o pai juiz e a mãe criada para ser dona de casa, o avô morto precocemente de quem André herda o nome, o dia do nascimento dos irmãos.
(FONTE: a publicação)
Outras edições:
1. ed.: São Paulo: Rocco, 1998.