Proust e a fotografia
textos George Brassaï
O que pode haver de comum entre um romance de mais de três mil páginas e o instantâneo da fotografia? Entre a técnica fotográfica e um dos procedimentos literários mais extensos da história? É Brassaï – um dos grandes fotógrafos do século XX – quem vai aproximar de maneira reveladora uma e outro, e encontrar afinidades insuspeitas entre ambos. Partindo do fato notório de que Marcel Proust foi um apaixonado pela arte da fotografia, Brassaï, um atento e minucioso observador da literatura, vê em sua técnica narrativa mudanças de perspectiva, de ângulo óptico, de enquadramentos e mostra como a fotografia desempenha papel decisivo em sua obra. Testemunha histórica do surgimento da fotografia e entusiasta de primeira hora, Proust foi capaz de entendê-la como um fato total. De imediato percebeu-a como uma nova forma de experiência, capaz de concentrar um mundo num instante. Não só a escrita proustiana em muitos momentos é fotográfica ao descrever personagens, cenas e episódios, como também explora a recorrente metáfora entre fotografia e memória involuntária. Proust e Brassaï são dois dos mais finos observadores – na vida social e na paisagem urbana – da cidade que primeiro se entregou incondicionalmente à fotografia: Paris. O livro é a última obra de Brassaï, que morreu pouco tempo depois de concluir o manuscrito, e inclui 16 páginas com reproduções de suas fotografias.
(FONTE: site da Amazon)
Publicado originalmente em francês pela Éditions Gallimard, com o título Marcel Proust sous l'emprise de la photographie (1997).
Contém prefácio de Roger Grenier.