Kuarup Quarup
fotografias Paulo Marcos de Mendonça Lima
A primeira impressão que se tem olhando estas fotos é que alguma família Kamayurá ou Yawalapiti convidou Paulo Marcos para o weekend e que ele, andando pela casa, o quintal e os arredores, foi registrando na câmera o que viu. Na verdade, Paulo Marcos passou no Xingu quatro meses de árduo trabalho no belo filme Kuarup, de Ruy Guerra, e ao ar natural que se têm as fotos, a simplicidade e doçura do que mostram são a marca da finura do seu autor. Para um fotógrafo no Xingu, o flagrante vistoso, espetacular, é fácil: na ponta do galho de árvore que se debruça sobre o rio, o índio retesa a corda do arco para fisgar o peixe; fumando um charuto de ervas, o pajé expulsa maus espíritos do corpo de uma índia com febre, jovens atletas se engalfinham na luta, na huka-huka. Mas não eram cenas assim que Paulo Marcos buscava e sim o cotidiano dos índios, a vida fluindo entre eles como flui entre nós. Por isso é que, sem pensar nisso, fez um trabalho que honra o Parque Indígena do Xingu e enaltece a obra que já realizaram seus fundadores, Orlando e Cláudio Villas Boas. O parque visa a preservar o índio tal como ele é, e graças ao Parque, os índios do Xingu são exatamente como eram quando eu os visitei pela primeira vez, quase quarenta anos atrás. Paulo Marcos retribui a hospedagem xinguana fazendo este admirável álbum de família. De uma família bastante feliz. - ANTÔNIO CALLADO
(FONTE: a publicação)
Edição bilíngue em português e inglês.