Rosângela Rennó : depoimento
fotografias Rosângela Rennó ; organização Janaina Melo
(...) Há mais de dez anos vivendo e trabalhando no Rio de Janeiro, Rosângela Rennó é, hoje, referência obrigatória quando o assunto é a imagem fotográfica e seus desdobramentos. Já em seus primeiros trabalhos, ainda na década de 80, Rennó propunha a resignificação de imagens preexistentes. Negando-se a produzir novas fotografias a artista voltava seu foco de interesse para imagens recolhidas em álbuns e arquivos fotográficos de sua família. Com sua mudança para o Rio de Janeiro Rennó passa a trabalhar com centenas de negativos de retrato 3x4 adquiridos em estúdios populares e lambe-lambes da cidade. Mais tarde volta-se para a narrativa fotográfica, recolhendo textos que falam de fotografia em jornais de circulação nacional. Com esse material a artista constrói o Arquivo Universal, um gigantesco banco de informações cuja articulação, no campo das artes visuais, propicia uma inversão única do código fotográfico: ao espectador a artista não oferece a imagem e sim o texto que a comenta. A partir da leitura dos textos e do repertório iconográfico do próprio espectador é que a imagem é construída. Associados aos textos do Arquivo Universal a artista passa a apresentar fotografias recolhidas em arquivos históricos - como na série Imemorial - e criminais - como em Cicatriz. Nesses trabalhos Rennó propõe uma discussão sobre a amnésia social. No livro do projeto Circuito Atelier estes e outros trabalhos são apresentados pela artista, através de uma longa entrevista concedida aos professores Maria Angélica Melendi (Escola de Belas Artes/UFMG) e Wander Melo Miranda (Faculdade de Letras/UFMG), da série de trabalhos reproduzidos no livro e da cronologia comentada, elaborada pela historiadora Janaina Melo.
(FONTE: site da livraria Martins Fontes Paulista)