Antonina dos meus dias
fotografias Eduardo Nascimento
A pessoa e o trabalho artístico de Eduardo Nascimento merecem simpatia e respeito por apresentarem não apenas um registro turístico, técnico e artístico, mas algo que lhe é muito caro e familiar: o retrato íntimo de sua própria terra e de sua gente. Usando a câmara, ele nos traz pedaços do seu vivido presente/passado, reafirmando conceitos preservacionistas ao denunciar o lento e progressivo desaparecimento de uma cidade-documento, ante os olhos impassíveis ou impotentes de seus próprios conterrâneos. Eduardo é antoninense que vive intensamente sua cidade, sofre com suas dores e exulta com suas alegrias. A máquina fotográfica é para ele um instrumento de relação com o meio, um modo de descobrir, revelar, registrar, denunciar, elogiar ou ufanar-se com a terra-mãe. As fotografias do Eduardo Bó falam que em Antonina ainda dá tempo de pensar, meditar, avaliar. A Natureza e a cidade não são oposições, mas composições para além do cenográfico. Para além da sofisticação elaborada, que denuncia a formação acadêmica do artista nos enquadramentos, composições de volumes e texturas, sombras, luzes e reflexos que podem beirar o impressionismo, está o retrato de uma Antonina deste profissional.
(FONTE: site da livraria Martins Fontes)
Contém textos de Cleto de Assis e Ennio Marques Ferreira.