Para onde vão os sonhos quando eles terminam?
fotografias e poemas Marcus Vinícius Xavier de Oliveira
Temos uma relação problemática com os sonhos. Para uns são prenúncios do futuro ou a voz dos deuses. Para outros uma alternativa ao presente. Penso, no entanto, que os sonhos são o modo pelo qual o nosso cérebro lida com a realidade, descarregando a memória imediata para um rincão do inconsciente que gestará, em futuros não sabidos, tanto os atos falhos como o déjà-vu. Em síntese, sonhos não se vão, ficam encarnados em algum lugar da subjetividade. E nunca, como nesses tempos pandêmicos, precisamos tanto dos sonhos. A realidade imediata que nos cerca, em particular a tanatopolítica que nos governa, exige um alívio do real. Assim, as imagens que compõem este livreto buscam criar esse alívio, na medida em que evocam, em graus variados, diversas imagéticas associadas aos sonhos. (...) Para onde vão os sonhos quando eles acabam? Eles não vão, ficam conosco, ensinando-nos, como o provam as fotografias, que o mundo não é feio, só mal frequentado.
(FONTE: a publicação)