Para poder te olhar
fotografias Yêda Bezerra de Mello
Depois da morte de sua mãe, Dulcinéa, Yêda, a partir de fotografias antigas, encontra um caminho para matar as saudades e fazer um carinho em sua mãe. Um diário de luto em imagens. “Estas fotos não se reduzem a si mesmas; elas se apresentam como fragmentos que, congelados pela objetiva, agora revivem em esplendor para além do álbum familiar. Não há vermes a corroer as páginas amarelecidas de onde foram extraídas. A artista soube como Drummond, em seu poema “Os mortos de sobrecasaca”, impedir que os vermes roessem “o imortal soluço de vida que rebentava/ que rebentava daquelas páginas.” E, assim, a artista, com a suavidade que a caracteriza, com a sensibilidade que a conforma, sabe que é preciso manter viva esta presença de Dulcinéa. Neste diário que se expõe, o luto se faz numa “atividade concreta”, tangível. Pois assim, é preciso para manter-se vivo (e viver) e dar gracias a la vida!”
(FONTE: a autora)
Publicação lançada no dia da abertura da exposição homônima, realizada na Arte Plural Galeria e inaugurada no dia 07/07/2015.